Iris nasceu numa cidade pequena do interior de São Paulo. Sonhava em ser famosa, ser artista.
O que Iris mais gostava de fazer nas horas perdidas do seu dia era ler revistas de fofoca. Folheava as páginas das revistas e ficava vislumbrada com a beleza das atrizes, suas roupas glamorosas e o suposto brilho da vida dos famosos.
A moça viajava em seus pensamentos, imaginando-se sendo rodeada e aplaudida por todos.
Certa do seu destino, Iris sonhava em mudar-se para a cidade grande. Lá encontraria o seu anjo da guarda. E então, ela seria famosa.
Por ironia do destino, num certo dia de março, a moça recebeu um convite para ir à cidade grande.
Era a chance que a moça esperava. Sonhadora como era, logo, tratou de arrumar as malas, pôs sua melhor roupa, lambuzou-se de maquiagem e embarcou no próximo trem.
Durante a viagem, Iris com a cabeça para fora da janela sentia o vento tocar seu rosto. Sentia-se muito feliz. Era tanta felicidade que não podia suportar ficar ali, parada, tinha que imaginar o que faria quando chegasse à cidade grande. Decidiu que faria contato com a primeira agência que encontrasse.
A sonhadora era bela, de corpo esquio, um rosto que parecia uma porcelana. Seus olhos pequenos e puxados pareciam de uma índia. Sua beleza não se deixava ser despercebida.
A viagem chegou ao seu fim. Iris estava na cidade grande. Chegara o seu momento. Seu sonho aconteceria.
Desceu na plataforma cinco, eram 19h25.
- Por favor, o senhor sabe-me dizer onde fica a Rua José Bonifácio, Alto da Lapa – disse Iris a um transeunte.
- A senhora tem que pegar o metro e ir até a quinta parada. Chegando, a senhora pergunta por lá o nome da rua.
Chovia muito. O tempo parecia correr mais que o de costume. A moça queria chegar logo ao seu destino. Iris ia encontrar-se com uma amiga que morava a pouco na cidade.
- Seu destino chegou ao fim – disse a cigana – que esperava o mesmo embarque.
- Como? Não entendi. O que a senhora disse?
- Isso mesmo. Seu destino chegou ao fim – repetiu a cigana toda cheia de convicção.
Perplexa do que acabara de ouvir, Iris ficou sem saber o que responder.
Embarcou no trem que chegou e partiu.
- Meu destino chegou ao fim? – pensava a moça.
A viagem foi curta. O desembarque aconteceu na rodoviária de Faria Lima, próxima a rua de destino.
Sua amiga estava esperando-a do outro lado da rua. Com a felicidade estampada no rosto, Iris acenou.
Naquela noite a sonhadora do interior seria a moça mais famosa. Sua hora chegou.
O noticiário divulgou: - Uma jovem foi atropelada ao atravessar a rua próximo a rodoviária. O responsável pelo atropelamento ainda não foi localizado.
Os jornais publicaram sua foto. Foi manchete em todos os telejornais.
Chovia muito naquela noite, Iris ao atravessar a rua não percebeu o carro que vinha em sua direção. Ficou ali estirada, caída ao chão. Todos correram para socorrê-la.
O sonho de ser famosa, de ser rodeada por todos aconteceu.
Iris foi ao encontro de seu destino.
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