A menina que dorme. A menina que sonha. Bendita seja. Minha menina tenha um bom sonho, bendito seja, bendito seja”.
- Corre... Vamos, filha! Corre.
- Estou indo, mamãe.
- Como você está crescida, minha pequenina.
- Mamãe, onde estamos? É tudo tão lindo aqui. Adoro esse lugar.
Desde pequenina, Nana, sempre foi uma menina inteligente e astuta. Muito ligada à mãe, desde pequena aprendeu a guardar os sonhos. Durante a noite, enquanto dormia, respirava fundo e segurava o dedo polegar para não esquecer os sonhos da noite anterior. Coisas de sua mãe.
Para dormir, sua mãe cantava sempre a mesma canção, A La Nanita nana. E a menina caia em sono profundo. Difícil era à noite em que Nana não sonhava e aprisionava o sonho em sua mente.
Hoje, crescida, os sonhos não são mais os mesmos de infância. A menina se fez mocinha.
A viagem para New Plaston estava chegando. Nana visitaria o maior bosque de New Plaston, o Bosque dos Encantos. A pequenina crescida acreditava em elfos, fadas e duendes. O mundo maravilhoso da magia sempre a encantou. Muitas vezes ela sonhou com os seres da floresta. Nana morava numa casinha perto da Floresta de Jenchan, norte da Inglaterra.
- Mamãe, eu não vejo a hora de chegarmos – disse Nana.
- Querida, calma! Você está muito ansiosa e isso lhe fará mal.
A viagem foi tranqüila. Hospedaram-se no Hotel Imperial, na Rua 26 ao lado do Centro de Convenções.
Durante a noite, a menina não conseguia pegar no sono. Era muita ansiedade. Nana pegou seu moletom e saiu pra caminhar um pouco pelo hotel. Parou na varanda que dava de frente para a rua. A imensa floresta podia ser vista da varanda, e Nana ficou encantada com tamanha beleza.
Impressionada, não conseguia segurar a vontade que percorria por todo o seu corpo fazendo-a tremer.
Rumo ao Bosque sentiu um medo, um sentimento de repressão, porém, mesmo assim, decidiu continuar.
Nana, ficou parada por um instante, assustada. Ouviu uma voz.
-... A menina que dorme. A menina que sonha. Bendita seja. Minha menina tenha um bom sonho, bendito seja, bendito seja.
- Quem está aí? – disse apavorada.
-Oi! Quem está aí? Repetiu.
A voz continuava a cantar. Aos poucos uma sombra foi tomando forma de um ser perdido no meio do bosque. Nana vê um ser totalmente coberto por luzes. Parece ter saído de um banho de ouro.
- Olá, menininha.
- Oi, voooocê é, você é um elfo? – disse, Nana, ao ser coberto por luzes.
- Sou. Já a esperava há tempos. Que bom que veio ao nosso encontro, minha pequenina.
- Esperavam por mim? Como assim? Quem esperava por mim?
- Nós, minha senhora. Seus súditos. – disse o elfo.
Meio atordoada, pasma e sem querer acreditar em que ouvia, Nana, corre rumo ao hotel.
- Não adianta fugir do seu destino, minha senhora – disse o ser encantado.
De volta ao seu quarto, a menina assustada com que acabara de presenciar, percebeu que já passava das 03h00. Amanhã era dia de visitar o Parque. O medo não iria deixá-la dormir.
15h00
- Dr. Schutz, a senhora Nana ainda está dormindo.
- Ela passou uma forte sessão de regressão, logo voltará a si – afirmou a sua secretaria.
- Quanto tempo ainda durará o tratamento dela, doutor?
- Ainda não sei. Ela sofre da síndrome de Peter Pan. Acredito que ainda levará um tempo para ela voltar à realidade do seu tempo. Amanhã tentarei desvendar esse episódio no bosque que ela relata. Não entendo qual a relação entre elfo numa floresta e a morte de sua mãe.
O sol estava radiante. Nana acordou bem disposta apesar de ter dormindo quase nada durante a noite. Sua mãe já havia descido para o café da manhã no refeitório do hotel.
- Bom dia, filha. Como foi sua noite, dormiu bem?
- Dormi bem, mamãe – disse Nana a sua mãe esquivando-se do seu olhar.
- Então hoje visitaremos o tão famoso Bosque dos Encantos.
- Não vejo à hora, mamãe. Não vejo à hora!
O Bosque estava lindo. Tudo era belo, as árvores, os pássaros e os animais correndo para todo lado. Nana jamais pode imaginar que existisse tal lugar assim, tão maravilhoso. Resolveram dar uma parada e respirar um pouco do ar sentando-se num dos bancos que estavam por perto.
- Mamãe?
- Sim, filha. – Está contente?
- Mamãe, eu vou dar um passeio rápido, se incomodaria de me esperar aqui? – disse Nana a sua mãe.
- Vá, mas não demore. – respondeu ela.
A menina já sabia o que procurava naquele lugar. Queria mais respostas sobre a noite anterior.
Começou a cantar a música que sempre ouvia antes de dormir. A mesma canção que ouvira naquela noite quando se encontrou com o ser desconhecido na floresta.
Eis que surge o animado ser e indaga Nana:
- Voltastes minha rainha?
- Não entendi patilhufas nenhuma do que me disse ontem. – disse a menina ao elfo.
- Então, senhora não sabe? Contarei para a vossa majestade.
Ambos sentaram-se num tronco de árvore caído ali no chão. Os olhos de Nana estavam arregalados como nunca. Ela estava muito apreensiva.
Continua....